Esta abençoada imperatriz Teodora (Αγία Θεοδώρα της Άρτας), comemorada na Igreja Ortodoxa no dia 11 de Março, era de uma família do Oriente; os seus pais eram João e Helena. As suas origens eram as seguintes: enquanto Aleixo, um descendente da família Comnena, governava os Romanos, Miguel Comneno, que era aparentado do próprio imperador e dos imperadores que tinham o nome de Ângelo, foi incumbido da governação do Peloponeso. E Senaquerim foi enviado a Etólia e a Nicópolis. Eles casaram-se, originalmente, com duas primas de primeiro grau, que eram parentes de sangue do imperador. E João, o pai da abençoada Teodora, cujo sobrenome era Petralifas, sendo de uma linhagem distinguida e esplêndida, foi casado pelo imperador com uma mulher (Helena) que era membro de uma das principais famílias de Constantinopla. Após ter sido honrado com o título de sebastocrator dos Romanos, foi nomeado para governar a Macedónia e a Tessália. Mas, infelizmente, com a indulgência de Deus, os latinos conquistaram Constantinopla e o imperador Aleixo foi por eles levado cativo, juntamente com muitos outros. E o menino Láscaris foi cegado na Anatólia por Miguel Paleólogo, que, então, apoderou-se do trono; e tudo foi preenchido com tumulto e confusão. Então, os habitantes de Nicópolis conspiraram contra Senaquerim, que convocou Miguel Comneno para o ajudar; mas antes de ele ter chegado, Senaquerim foi assassinado. Quando Miguel chegou, matou todos os assassinos. E casou-se com Melissena, a esposa de Senaquerim. Pois ele tinha perdido previamente a sua própria esposa, que tinha morrido. E ele apropriou-se de toda a riqueza de Senaquerim, bem como do seu poder político. Quando a frota latina desceu de Constantinopla e ancorou no porto chamado Salagora, Miguel Comneno resgatou o imperador Aleixo, que os latinos tinham tomado como escravo, pois não o reconheceram; e Comneno assegurou a sua libertação, depois de lhes ter, primeiro, concedido abundantemente muitos presentes. Portanto, a autoridade imperial foi dada como herança pelo imperador Aleixo III a Miguel e aos seus descendentes. Nasceram-lhe quatro filhos, a ele e a Melissena: Miguel Ducas, Teodoro, Manuel e Constantino. Miguel, o filho mais velho, após a morte do seu pai, assumiu toda sua governação. Ele era um homem energético, perspicaz e um administrador habilidoso. Ele conquistou Belgrado (Berati) e Joanina e Bonditza (Vonitsa). Ele também adquiriu a ilha de Corfu, Dirráquio e Ocrida e toda a Valáquia e Hélade e expandiu grandemente a extensão do seu território. Mas ele cedo caiu vítima da espada e morreu, deixando o seu irmão Teodoro Ducas como herdeiro. E Teodoro desconsiderou como imaturo o filho do seu irmão, Miguel Ducas, visto que era um bebé pequeno. Então ele apoderou-se de todo o poder e, exaltado pela sua boa fortuna, concebeu um plano traiçoeiro contra a criança. Mas quando a sua mãe descobriu, ela preveniu-se viajando com a criança para o Peloponeso.
A vida e conduta da abençoada Maria, que alterou o seu nome para Marinos, comemorada a 12 de fevereiro (no calendário Juliano)
Havia um certo homem, chamado Eugénio, que vivia em piedade, pureza e no temor de Deus. Ele tinha uma esposa honorável e devota, com quem teve uma filha, a quem chamou Maria. Quando a sua esposa morreu, o pai criou a criança com muita educação e nas maneiras de uma vida espiritual.
Quando a menina cresceu, o seu pai disse-lhe: “Vê, minha filha, deposito tudo o que tenho nas tuas mãos, porque vou partir para salvar a minha alma”. Ouvindo estas coisas ditas pelo seu pai, a menina disse-lhe: “Pai, desejas salvar a tua própria alma e ver a minha destruída? Não sabes o que diz o Senhor? Que o bom pastor deu a sua vida pela sua ovelha?” E ela disse-lhe novamente: “Aquele que salva a alma é igual ao que a criou”.
Ouvindo estas coisas, o seu pai sentiu remorsos pelas suas palavras, pois ela estava a chorar e a lamentar-se. Então ele começou a conversar com ela e disse-lhe: “Filha, o que é que faço contigo? És uma mulher e eu desejo entrar num mosteiro. Como é que podes, então, permanecer comigo? Pois é através dos membros do teu sexo que o diabo guerreia os servos de Deus”. Ao que a sua filha respondeu: “Nem por isso, meu senhor, pois eu não entrarei no mosteiro como dizes, mas irei, primeiro, cortar o cabelo da minha cabeça e vestir-me como um homem e então entrarei no mosteiro contigo”.
Prólogo
É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus, como diz o Anjo a Tobias, quando este recobra de maneira miraculosa a visão – tendo passado por tantos perigos goza então, dos efeitos do amor e da ajuda de Deus. É bastante perigoso descobrir os segredos dos príncipes e, contrariamente, causa muito prejuízo à alma calar-se sobre as ações ilustres, que Deus faz em favor dos homens pelo excesso de Sua bondade e de Sua misericórdia. É portanto temerário encobrir com o silêncio as maravilhas divinas, por um justo julgamento. Seria cair na mesma condenação daquele servo inútil que ao invés de aproveitar do talento recebido escondeu-o na terra. Eu não sepultaria nas trevas uma história tão santa quanto esta que chegou ao meu conhecimento. E não é preciso sequer acrescentar fé ao que vou escrever, considerando-se o espanto, que ações tão extraordinárias causarão. Deus me proteja de ser mentiroso em assuntos santos, e de violar a verdade daquilo que concerne a Sua glória; não tomarei parte no perigo que correm aqueles, que não compreendem senão as coisas baixas, e julgando indignamente a grandeza de um Deus que Se fez homem, não acrescentarão nada de fé a este discurso. E há pessoas que depois de o terem lido, recusam-se a lhe dar o crédito e a admiração que merece uma história tão miraculosa. Suplico a Deus que tenha piedade delas e abra-lhes o espírito, a fim que elas escutem Sua Santa palavra, e que não se tornem culpadas pelo desprezo, de tantos milagres que Ele decidiu fazer em toda a eternidade a favor de Seus Eleitos; assim elas agem considerando a fraqueza da natureza humana, julgando impossível tudo o que lhes é contado sobre as ações extraordinárias dos Santos.