Muitos leitores nunca ouviram que não existe progresso moral – por isso, não me surpreende que tenham pedido para escrever com mais profundidade sobre o assunto. Começarei focalizando a questão do pecado em si. Se entendermos corretamente a natureza do pecado e seu verdadeiro caráter, a noção de progresso moral será vista com mais clareza. Começarei esclarecendo a diferença entre a noção de moralidade e a compreensão teológica do pecado. Esses são dois mundos muito diferentes. Moralidade (como eu uso a palavra) é um termo amplo que geralmente descreve a adesão (ou falta de adesão) a um conjunto de padrões ou normas de comportamento. Nesse entendimento, todo mundo pratica alguma forma de moralidade. Um ateu pode não acreditar em Deus, mas ainda assim terá um senso internalizado de certo ou errado, bem como um conjunto de expectativas para si mesmo e para os outros. Nunca houve um conjunto universalmente aceito de padrões morais. Pessoas diferentes, culturas diferentes têm uma variedade de compreensões morais e formas de discutir o que significa ser “moral”.
No cristianismo ortodoxo, não há “moralidade”. Eu sei que isso choca muitas pessoas, mas o digo por um bom motivo: porque a moralidade não é realmente uma ideia teológica, mas filosófica. A moralidade é normalmente compreendida como um senso de certo e errado, e acho que em certa medida todos o possuem, a despeito de cultura, religião ou época em que vive. Eu não acho que alguém já tenha considerado que o egoísmo ou a covardia sejam coisas boas. As pessoas não acham que seja bom ser horrível com quem foi bom com você, e é assim em qualquer religião que você creia, qualquer época em que viva, qualquer cultura de que participe. Existe um senso comum de certo e errado.
Mas há variações. Alguns diriam que é aceitável se vingar, e outros que não devemos fazê-lo de modo algum. Alguns diriam que um homem deve ter apenas uma esposa, outros diriam que ele pode ter várias. Alguns diriam que a gente deve ser bom com quem é bom connosco, outros diriam que devemos ser bons até com que não é bom connosco.