Tradução de monja Rebeca (Pereira)
Hoje, todos sabem que um ícone é uma imagem santa, uma imagem sagrada, uma imagem teológica e litúrgica; uma imagem que “fala de Deus” e, paradoxalmente, convida os nossos olhos a contemplarem o mundo invisível; “pelo intermédio da visão sensível, nosso pensamento recebe uma impressão espiritual que eleva-se à invisível Divina Majestade”, diz São João Damasceno.
Pode-se gostar ou não de um ícone. Mesmo sendo cada vez mais objeto de apreciação, o Ocidente não sabe ainda muito bem qual é atitude correta diante dele. Alguns o julgam hierático, rígido, sem expressão ou triste. Outros dizem não conseguir rezar diante dum rosto aparentemente duro e sem compaixão, sem misericórdia, sem ternura… Outros ainda sensibilizam-se diante do ícone dito da “Virgem de Vladimir”, pois ela é “impenetrável” e parece sentir dor por causa do “gládio que trespassará sua alma”. (Lc. 2,35). Com relação ao ícone da Santíssima Trindade de Rublev, temos que foi longamente estudado e explicado; neste caso, então, o espírito cartesiano do homem moderno ”entende“, “analisa”, encontra-se satisfeito e “admite” certas sensações, mas poucos entendem espontaneamente o significado profundo do ícone.