Menu Fechar

Etiqueta: Ícone

Pe. John Whiteford – Perguntas frequentes sobre os ícones

1. O que é um ícone?

Um ícone é uma imagem (normalmente bidimensional) de Cristo, dos santos, dos anjos, de importantes passagens bíblicas ou de eventos da história da Igreja.

São Gregório Dialogista (Papa de Roma, 590-604) dizia que os ícones são a Escritura para os iletrados:

“Pois aquilo que a escrita apresenta ao leitores, esta figura apresenta ao não esclarecido que a contempla, já que nela até mesmo os ignorantes vêem o que devem seguir, nela o iletrado lê” (Epístola ao Bispo Serenus de Marselha, NPNF 2, Vol. XIII, pág. 53).

A todos os que sugerem que isso já não é relevante na nossa era iluminada, considerem a taxa de analfabetismo funcional bastante grande que ainda temos e o facto de que, mesmo nas sociedades mais alfabetizadas, há sempre um segmento iletrado considerável … os seus filhos pequenos.

Os ícones fazem, também, com que as nossas mentes ascendam das coisas terrenas às celestiais. São João Damasceno escreveu: “somos levados por ícones visíveis à contemplação do divino e do espiritual” (PG 94:1261a). Ao guardar na nossa memória o que é representado no ícones, somos inspirados a imitar a santidade dos que neles são representados. São Gregório de Nissa (330-395) mencionou o facto de não conseguir passar diante do ícone em que Abraão oferece Isaque em sacrifício “sem derramar lágrimas” (PG 46:572). Sobre isto, observou-se no Sétimo Concílio Ecuménico: “Se até mesmo a tal Doutor a figura foi útil e o fez derramar lágrimas, quanto mais aos ignorantes e simples trará compunção e benefício” (NPNF 2, vol. 14, p. 539). 

Ludmilla Garrigou – ÍCONE OU QUADRO? ICONÓGRAFO OU ARTISTA?

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

Hoje, todos sabem que um ícone é uma imagem santa, uma imagem sagrada, uma imagem teológica e litúrgica; uma imagem que “fala de Deus” e, paradoxalmente, convida os nossos olhos a contemplarem o mundo invisível; “pelo intermédio da visão sensível, nosso pensamento recebe uma impressão espiritual que eleva-se à invisível Divina Majestade”, diz São João Damasceno.

Pode-se gostar ou não de um ícone. Mesmo sendo cada vez mais objeto de apreciação, o Ocidente não sabe ainda muito bem qual é atitude correta diante dele. Alguns o julgam hierático, rígido, sem expressão ou triste. Outros dizem não conseguir rezar diante dum rosto aparentemente duro e sem compaixão, sem misericórdia, sem ternura… Outros ainda sensibilizam-se diante do ícone dito da “Virgem de Vladimir”, pois ela é “impenetrável” e parece sentir dor por causa do “gládio que trespassará sua alma”. (Lc. 2,35). Com relação ao ícone da Santíssima Trindade de Rublev, temos que foi longamente estudado e explicado; neste caso, então, o espírito cartesiano do homem moderno ”entende“, “analisa”, encontra-se satisfeito e “admite” certas sensações, mas poucos entendem espontaneamente o significado profundo do ícone.

Photis Kontoglou – A ARTE SAGRADA DA IGREJA ORTODOXA

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

A arte iconográfica na Igreja Ortodoxa do Oriente é uma arte sagrada e litúrgica – como todas as artes sagradas eclesiásticas – com um propósito espiritual. O objetivo dessas artes não é meramente o de decorar a igreja com pinturas, para torná-la mais prazerosa aos fiéis ou deleitar seus ouvidos com música: mas para elevá-los ao místico mundo da fé pela escada espiritual, os passos e degraus, que são artes sacras: a composição de hinos, construção de prédios de igreja, pintura religiosa bem como outras artes… Tudo isso trabalha junto, cultivando o Paraíso místico nas almas dos fiéis. Com isso, obras de arte na Igreja do Oriente são comentários sobre o mundo divino.

Igumeno Cirilo (Bradette) – A VENERAÇÃO DOS ÍCONES

Nós veneramos os ícones porque nos colocam na “presença real” do que representam. A Igreja latina só emprega esta expressão para a Eucaristia. Para os ortodoxos, as palavras são escassas para a Eucaristia. Enquanto não utilizamos termos adjetivos, falamos de “mistério”. O grande mistério é o mistério da Eucaristia. Dizemos, então, “o mistério litúrgico”, “o mistério eucarístico”. Evitamos o termo “transubstanciação”, pois não podemos afirmar que a Eucaristia seja uma mudança de substância. Mas sabemos que é uma mudança de realidade, o quê não é a mesma coisa. Consequentemente, não falaremos de aparências e de substância, mas do mistério da Presença.

Georges Drobot – A LUZ NO ÍCONE

Tradução de monja Rebeca (Pereira)

Na Igreja Ortodoxa a luz tem uma grande importância, para não dizer uma importância primordial. A palavra luz está sempre presente nos textos litúrgicos–tanto no decorrer das celebrações como na oração pessoal, acendemos velas e lamparinas a óleo. A luz física, aquela  dos astros ou das fontes de luz, torna–se o símbolo da luz eterna do Reino de Deus.

A arte sacra da Igreja Ortodoxa, tanto os ícones como os mosaicos e os afrescos ornamentando as paredes de uma igreja, é essencialmente uma arte litúrgica. Ela coloca em imagens a história da salvação iluminada pelas fontes patrísticas e litúrgicas lidas e cantadas durante os ofícios. Ora, os ciclos litúrgicos ortodoxos correspondem ao ritmo cósmico de nossa terra. “Orai sem cessar” (I Ts. 5, 17) é o mandamento que rege a vida de oração de todo cristão. Esta oração incessante, eterna, encarna–se nos ciclos do tempo terrestre regido pelo curso do sol.