Quem quer que resida em Portugal ou visite o pais com um mínimo de demora não deixará de notar a importância que aí reveste o santuário de Fátima, que no espaço de um século se tornou de longe o maior centro de peregrinações do país, a que, sobretudo a 13 de Maio e a 13 de Outubro acorrem quase sempre centos de milhares de peregrinos. Visitado pelos papas pelo menos já cinco vezes, possui hoje, no mundo católico, renome mundial.
Na sua origem, que remonta a 1917, estão as aparições que a Santíssima Virgem no decurso desse ano aí terá feito mensalmente, durante seis meses, a três crianças que aí guardavam gado: Francisco, então de 9 anos, sua irmã Jacinta, de apenas 7, e sua prima Lúcia, já com 10. Embora haja testemunhos indiretos recolhidos desde logo, é sobretudo pelas sucessivas Memórias de Lúcia que os factos são conhecidos, já que os outros dois videntes faleceram no espaço de dois anos sem nada terem escrito. As Memórias de Lúcia são em número de quatro, datando as duas primeiras respetivamente de 1935 e 1937, e as duas últimas de 1941. São, por conseguinte, pelo menos 18 anos posteriores aos factos que reportam. Há que notar, de qualquer modo, que as recordações da Irmã Lúcia se afiguram um tanto confusas, de modo que certos factos — como a aparição de um anjo aos três pastores em 1916, antes portanto das da Senhora — apenas são referidos nas últimas Memórias…