Sobre a receção da Sagrada Comunhão:
Se alguém recebe a Comunhão de maneira própria, inclinaria a cabeça para trás e abriria a boca o mais possível, assim, permitindo ao Padre simplesmente deixar cair o Corpo e Sangue de Cristo na boca de quem está a comungar, sem fazer contacto com a colher.
Só um comentário; Sim, o nosso Padre instruiu-nos a receber a Comunhão como descreveste. No entanto, isto não deve ser universal, pois não? Quando eu visitei a Igreja de São Tícon o Outono passado, instruíram-me que “tirasse da colher” com a minha boca, após estar lá com a minha boca aberta por vários segundos.
No que toca a beijar Ícones e a Cruz:
Eu não ouvi falar de ninguém que ficou doente por isto. É claro, poderá haver casos em que indivíduos com gripes sérias ou outras doenças possam querer abster-se de o fazer.
De modo geral, se uma pessoa esteve desconfortável com beijar os Ícones, devido á preocupação de apanhar uma doença, os Padres fariam disto uma questão de fé? É beijar o Ícone significativo versus simplesmente prostrar-se ou tocar o Ícone com reverência com a mão ou testa?
Se tiver alguns detalhes adicionais ou conhecimento, por favor, informe-me. As minhas perguntas não têm a intenção de ser legalistas, mas ajudar a perceber as nossas práticas melhor.
Resposta
De facto, nem toda a gente instrui os fiéis a abrir bem as suas bocas para que o Padre possa deixar cair o Corpo e Sangue nas suas bocas. Apesar de isto não ser universalmente praticado, talvez deva ser, não havendo significado em entrar em contacto com a colher.
Até se a colher entra em contacto com a boca de alguém, deve ser posta de volta no Santo Sangue para o próximo Comungante, assim entrando em contacto com o conteúdo alcoólico e a água extremamente quente.
No que toca a recusar-se a beijar um Ícone por medo de apanhar uma doença, parecer-me-ia que nunca ninguém ficou doente e morreu de beijar um Ícone. Eu peço desculpa por ser franco aqui, mas ás vezes as mesmas pessoas que têm medo de beijar um Ícone deveriam estudar as dinâmicas em funcionamento quando se beija outro ser humano. Eu posso apanhar gripe da minha Esposa, mas parece-me muito forçado dizer que eu posso apanhar gripe a partir de um Ícone de São Nicolau.
O que é uma questão de Fé é o esforço para ultrapassar precisamente essas coisas que podem tornar-se um obstáculo á Fé, tal como a preocupação em ficar doente de receber a Comunhão ou beijar a Cruz. Eu já conheci algumas pessoas que se recusam a Comungar porque estão obcecados com o pensamento de ficarem doentes. Isto revela um desejo, consciente ou inconsciente, de manter o corpo em perfeita saúde- o que todos nós sabemos não ser possível por muito tempo, sendo que no fim de contas, todos morremos- á custa da saúde espiritual. No Evangelho segundo São João, Cristo diz, “se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida dentro de vós”. Aqueles que recusam completamente a Eucaristia por preocupação pela sua saúde física claramente revelam que a sua saúde espiritual é menos importante, ou não importante de todo.
Para aqueles que têm Fé, não pode haver dúvida de que não irão contrair uma doença a partir da Eucaristia; para aqueles com pouca Fé ou sem Fé, eu imaginaria que colheres de Comunhão plásticas, individuais, e descartáveis, envoltas em plástico estéril, não resolveria o problema. Existe uma Paróquia na nossa área- não uma paróquia da OCA (Igreja Ortodoxa Americana) – que há vários anos atrás introduziu colheres de Comunhão descartáveis. A prática foi descontinuada rapidamente, pois o Padre rapidamente cedo percebeu que aqueles que se opunham á colher comum (coletiva), ainda assim não estavam a Comungar, mas já tinham criado novos obstáculos á participação no Sacramento. De acordo com o Padre, a objeção revisada era, “Eu não recebo a Comunhão porque sou muito pecador.” Isto é semelhante ao paciente com cancro dizer, “Eu não quero o meu medicamento porque estou muito doente.” Ambos os casos são suicidas, um fisicamente, e o outro espiritualmente. Então precisamos daquela Fé que nos dá certezas dessas coisas que nós não percebemos completamente ou vemos, para sermos assegurados que não vamos tornar-nos doentes a partir do Corpo e Sangue de Cristo. Se não temos tal Fé, então é melhor não receber a Comunhão, não por medo de doença física ou morte, mas porque não estamos preparados, e nesse caso, tal como São João Crisóstomo escreve, a Eucaristia pode ser um fogo consumidor e para a nossa condenação ao invés de salvação.
Text original: Tradução em português: Paulo Ferreira