Pergunta: Porque é que os Cristãos Ortodoxos participam na Divina Liturgia e em outros serviços religiosos da Igreja? Qual é o propósito de tais serviços? É o propósito que tal participação “sentir/receber algo” ou é uma oferta? Foi-me dito que nós vamos á Igreja para nos identificarmos e ajudarmos a preservar a nossa herança Étnica e Histórica, bem como tradições. É isto correto?
Respostas:
Você Escreve: Porque é que os Cristãos Ortodoxos participam na Divina Liturgia e outros serviços religiosos?
Resposta: Nós fazemo-lo para adorar Deus, para entrar em união com ele e com o seu povo através da Eucaristia e outros Mistérios, ou Sacramentos, e para receber força enquanto continuamos no caminho da salvação e da “vida do mundo vindouro.”
Na adoração, nós ficamos de pé perante o trono de Deus, amando-nos uns aos outros “para que com uma mente possamos confessar Pai, Filho, e Espirito Santo, a Trindade uma em essência e indivisível.” E na nossa adoração, especialmente na Divina Liturgia, participamos em tudo o que Cristo fez por nós- A sua Encarnação, vida, paixão, morte, sepultamento, ressurreição, e ascensão- enquanto antecipamos a sua segunda e gloriosa vinda.
Você escreve: Qual é o propósito de tais serviços?
Resposta: O propósito fundamental dos serviços da Igreja é adorar Deus, como definido acima. Adoração Ortodoxa é “Centrada em Deus”, ao invés de “Centrada no homem”.
Na nossa adoração nós esforçamo-nos para agradar a Deus, não nós próprios- e isto é uma grande honra. Nós oferecemo-nos, elogiando-nos mutuamente, reconhecendo o facto de que fomos criados na imagem e semelhança de Deus. E nós oferecemos o nosso e culto e adoração de Deus “em nome de todos, e para tudo”, juntando as nossas vozes, mentes, corações, e almas com todos os fieis que “em todos os séculos foram agradáveis a Deus.”
Você escreve: O propósito de tal participação é “receber/sentir algo” ou é uma oferta?
Resposta: Nós participamos nos Sacramentos e Serviços para adorar Deus, que nos deu a vida e tudo o que temos, e que nos ofereceu através da adoração um antegosto do seu Reino Celeste. Nós oferecemo-nos, como indivíduos e como uma comunidade de Fé, a Deus em adoração, em vez de esperar ”receber/sentir algo” que não seja comunhão com Deus e com o seu povo. Como tal, adoração não serve para entreter, em vez disso, inspira- e esta palavra significa “no espirito”- e é conduzida em Espirito e Verdade, tal como a Escritura ordena. Enquanto, de facto, nós trazemos as nossas preocupações, as nossas alegrias e angustias para a adoração, procurando a ajuda do Senhor no nosso dia-a-dia, a única expetativa que devemos ter é o encontro com Deus e a nossa expressão comum deste encontro partilhado e experienciado no contexto da comunidade de Fé adoradora. Nós oramos que “O Senhor aja,” orando que a sua vontade, em vez dos nossos pedidos e súplicas, seja-nos revelada e comprometendo-nos a discernir e viver a sua vontade nas nossas vidas.
Você escreve: Foi-me dito que vamos á Igreja para nos identificarmos e para ajudar a preservar a nossa herança histórica e étnica, bem como tradições. É isto correto?
Resposta: Não de todo! Aqueles que pretendem preservar a sua herança histórica e étnica e tradições preservam a língua, gastronomia, dança, etc…do seu “país antigo”; estas coisas não têm, de todo, nada a ver, com a Igreja, muito menos com a adoração da Igreja ou a nossa jornada até á “vida do mundo vindouro” no Reino de Deus. Aqueles que pensam que a Liturgia é celebrada para preservar a nossa herança étnica estão redondamente enganados, e atrevo-me a dizer que apenas dificultam a sua salvação. A Igreja Ortodoxa não é apenas para certos grupos étnicos: O próprio Cristo disse, “Ensinai todas as Nações,”, não “ensinai a vossa etnia, e não partilhem o Reino de Deus com outros de diferente etnia.” Esta atitude foi condenada pela Igreja Ortodoxa no século XIX como sendo heresia – “filetismo,” a identificação da Fé Cristã Ortodoxa com um ou outro grupo étnico, como fosse uma posse pessoal. O Evangelho de Jesus Cristo é para toda a humanidade, não apenas para certos grupos étnicos.
Texto original. Tradução em português: Paulo Ferreira