Bem-amados em Cristo padres, irmãos e irmãs:
Cristo nasceu!
Neste dia do nascimento de nosso Senhor segundo a carne, demos graças a Deus, que nos concedeu a graça, de uma vez mais, nos aproximarmos do presépio de Belém, onde o Filho Único e Verbo de Deus quis ser colocado pela Sua santa Mãe. Concedeu-nos Ele ainda neste tempo contemplar o amor divino e a confiança divina na Humanidade.
No seu profundo amor para com o ser humano, Deus fez brilhar sobre a terra a sua glória, para que juntamente com o céu partilhe a terra da Sua vida eterna. De todas as Suas criaturas terrestres, escolheu o nosso Pai celeste o Homem, para o revestir da Sua imagem e semelhança. É, porém, no seu Filho unigénito que Ele manifestou ao mundo o Homem mais autêntico e mais verdadeiro, tal como Deus o concebeu, e tal como cada um de nós recebe a vocação de se tornar.
Admiremos também, caros irmãos, a confiança na humanidade que Deus nos manifestou pela Sua encarnação. O Verbo de Deus, coeterno com o Pai e todo-poderoso, nasce segundo a carne despojado, tomando a condição de servo (Fil 2,7) – e avança humildemente como um infante recém-nascido, envolto em fraldas e deposto numa manjedoura, sem ter abrigo. Nada mais frágil! E, no entanto, é dessa fragilidade desarmante, dessa confiança no Homem, desse amor por ele que Deus faz a sua força para vencer a crueldade, a hostilidade e a arrogância do mundo que O não conhece!
Por conseguinte, esses dons divinos, que recebemos na Natividade de Cristo, não deveriam deixar ninguém indiferente. Diante da gruta com Cristo recém-nascido, naquele ponto em que a estrela estaca, devia também o Homem estacar e responder a essa profundidade de amor e a esse penhor de confiança.
Passar ao lado e seguir, como se nada se tivesse passado, seria reduzir o nascimento de Cristo na carne a um facto do passado, longínquo e sem consequências, insignificante e estéril para a humanidade. E de facto, nada repele tanto a graça como a indiferença: “sei que não és quente nem frio… e, portanto, pois que é morno, nem quente nem frio, vou-te vomitar de Minha boca” (Ap 3, 15-16). No mundo surdo e insensível, perdido em busca de coisas fúteis, nós, cristãos, temos por vocação dar provas do nosso fervor.
Eu sei, queridos padres, irmãos e irmãs, que vós não sois mornos, que respondeis à Boa Nova da vinda do Salvador com grande fervor e vos converteis (Ap 3,19).
Com corações ferventes, repletos de júbilo, celebremos o Verbo de Deus vindo na carne como Rei de Paz e Salvador das nossas almas!
Que a paz de Cristo recém-nascido esteja com todos vós!
† Nestor, Metropolita de Quersoneso e da Europa Ocidental
Exarca patriarcal na Europa Ocidental
Natividade de Cristo, Paris, 2023-2024.