Pergunta
Eu não sou Ortodoxo, por isso perdoe a minha confusão sobre isto. Eu estou a olhar para um Ícone onde os Pais de Maria estão a apresentá-la ao Sumo Sacerdote para que seja consagrada a uma vida no Templo. A Tradição Religiosa com a qual eu sou familiar (Católico Romano de Rito Latino) não têm ensinamentos sobre isto, e eu também não encontro nenhuma referência Bíblica.
De onde veio esta ideia? Não estou a contestar, mas apenas curioso.
Resposta
A Festa tem a sua origem no Oriente pelo menos desde o século sexto. No Ocidente, diz-se que o Papa Gregório XI em 1372 d.C. tinha ouvido falar sobre a celebração desta Festa na Grécia e introduziu-a em Avignon, enquanto a sua observância universal por todo o Ocidente foi apenas introduzida em 1585 pelo Papa Sisto V. O evento comemorado neste dia não é encontrado na Escritura, mas, em vez disso, em dois escritos antigos, geralmente considerados como autênticos, que relatam como Maria, uma pequena criança, foi apresentada pelos seus pais, Joaquim e Ana, no Templo de Jerusalém. Lá ela deveria ser criada entre as Virgens consagradas ao serviço a Deus até á altura em que seriam prometidas em Casamento.
A Tradição da Igreja sustenta que Maria foi solenemente bem-recebida na comunidade do Templo, liderado pelo Sacerdote Zacarias, pai de São João Batista. A Tradição sustenta que ela foi levada até ao lugar Santo, e foi sustentada pelos Anjos- isto é muitas vezes retratado no Ícone desta festa, normalmente no canto superior direito- significando que, em virtude do facto de que ela portaria o Verbo Vivo de Deus, Jesus Cristo, no seu ventre, ela torna-se o Santuário vivo e Templo de Deus incarnado. Este tema- Maria entra no Templo para se tornar ela própria o Templo vivo de Deus, e assim inaugurando o Novo Testamento onde são cumpridas as Profecias do Antigo Testamento- está claro nos Hinos dos Serviços Litúrgicos da Festa. A Festa enfatiza também que, com a sua entrada no Templo para se tornar o Tabernáculo vivo de Deus Incarnado, o Templo físico em Jerusalém como morada de Deus chega ao fim, e o “prelúdio da benevolência de Deus” é revelada, tal como cantamos no Tropário para esse dia: “Hoje é o prelúdio da benevolência de Deus, e da proclamação preliminar da salvação dos homens. A Virgem apresenta-se com esplendor no Templo de Deus, e antecipadamente anuncia Cristo a todos. Rejubilemos e cantemos-lhe: Rejubila, Ó Divina realização dos planos do Criador.”
Finalmente, a Festa serve para nos lembrar que também nós somos chamados a ser Tabernáculos vivos e moradas do Senhor: “Nós somos o Templo do Deus Vivo, tal como Deus disse, “Eu viverei neles, e me moverei neles, e Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (ver 2 Cor 6:11; Isa 52:11)
Texto original. Tradução em português: Paulo Ferreira