AS ORIGENS DA IGREJA ORTODOXA
Jesus Cristo fundou a Sua Igreja através dos Apóstolos. Através da graça recebida de Deus no Pentecostes, os Apóstolos estabeleceram a Igreja por todo o mundo antigo. São Paulo fundou a Igreja de Antioquia; São Pedro e São Tiago, a Igreja de Jerusalém; Santo André, a Igreja de Constantinopla; São Marcos, a Igreja de Alexandria; São Pedro e São Paulo, a Igreja de Roma.
A Igreja Romana (ou Ocidental) separou-se da Verdadeira Igreja no ano de 1054, após alterar o Credo (o hino de Fé da Igreja) e erradamente afirmar a supremacia do Bispo de Roma (o Papa) sobre os outros bispos.
Afastando-se ainda mais das suas origens, a igreja Ocidental foi depois despedaçada numa miríade de seitas pela Reforma Protestante (hoje acompanhada por outras incontáveis recém-criadas “igrejas”, a maioria afirmando ser “baseada na Bíblia”). No entanto, na Grécia, Rússia, nos Balcãs, no Médio Oriente, e noutros lugares, a verdadeira Igreja Apostólica continuou a florescer, preservando a Fé de Cristo pura e inalterada. Hoje, esta Igreja é conhecida como a Igreja Ortodoxa de Leste (ou por vários nomes nacionais, tais como “Ortodoxa Russa”). É o refúgio para aqueles em procura da Verdade que é Cristo.
CULTO ORTODOXO
A palavra Grega “orthodoxia” significa “louvor correto” ou “ensinamento correto” e no culto Ortodoxo o louvor e o ensinamento estão estreitamente entrelaçados. Se se seguir atentamente as orações e serviços da Igreja, pode-se aprender a partir deles todos os ensinamentos e experiências espiritais ricas dela. Os serviços rastreiam os seus inícios até aos ritos dos Hebreus do Antigo Testamento. Eles são um tesouro de leituras da Escritura, Salmos, orações, hinos e cânones compostos pelos santos e Cristãos piedosos através dos séculos.
A Páscoa (“Pascha” em Inglês) (inapropriadamente chamada de “Easter” pela maioria dos Americanos) é a Festa das Festas, o ponto alto do ano Ortodoxo. Durante a Páscoa, a Igreja brilha com a glória da ressurreição de Cristo. Nuvens de incenso perfumado acompanham as orações até ao céu; coros e sinos clamam as notícias triunfantes; os fiéis cumprimentam-se uns aos outros com o santo beijo da paz e saudando, “Cristo ressuscitou!” As portas do altar são deixadas abertas toda a semana para mostrar que os Portões do Paraíso estão abertos por Cristo para nós pecadores entrarmos na vida e alegria eternas no paraíso.
SANTA TRADIÇÃO
Tal como a Graça do Espírito Santo que descendeu sobre os Apóstolos no Pentecostes flui numa corrente viva até aos bispos e padres de hoje em dia, também a Sagrada Tradição carrega a vida espiritual da Igreja numa corrente ininterrupta desde o tempo dos Apóstolos até aos crentes Ortodoxos de hoje em dia.
A Sagrada Tradição inclui os atos e ensinamentos não escritos de Cristo e dos Apóstolos que a Igreja preserva inalterados para todos nós (ver João 21:25; 2 Ts. 2:15; 2 Ts. 3:6).
O poder da Sagrada Tradição é o poder do Espírito Santo pois influencia os Cristãos Ortodoxos em todas as épocas. Através da Sagrada Tradição estamos em comunhão com a vida espiritual de todas as gerações precedentes desde o tempo dos Apóstolos.
CRENTES ORTODOXOS E SACRAMENTOS
Nós adoramos Deus em Trindade, glorificando igualmente o Pai, Filho, e Espírito Santo. Nós acreditamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus, gerado antes de todos os séculos, e que ele tem a mesma essência do Pai. Nós acreditamos que o Cristo encarnado é verdadeiramente homem, tal como nós no que respeita a tudo exceto no pecado. Nós adoramos o Espírito Santo como Senhor e doador de Vida que procede do Pai.
Nós honramos e veneramos os santos e pedimos a sua intercessão perante Deus. Dos santos, Maria, a Mãe de Deus, ocupa um lugar especial – “Mais honorável que os Querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins.”
Batismo e Crisma são os dois sacramentos essenciais para entrar na barca salvadora da Igreja. Batismo por tripla imersão lava os nossos pecados e restaura a imagem de Adão. Com o Crisma, nós recebemos os Dons do Espírito Santo, tornando-nos participantes da plenitude de Cristo (ver Marcos 16:16).
No Sacramento da Sagrada Eucaristia, nós participamos do verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo na forma de pão e vinho para a remissão dos pecados, para cura do corpo e da alma, e para a vida eterna (ver João 6:53).
Confissão é o quarto sacramento essencial para a vida de todos os Cristãos. Na confissão, Cristo dá-nos, através do nosso padre confessor, o perdão dos pecados que cometemos após o Batismo se verdadeiramente nos arrependermos deles (ver João 20:23).
Ordenação, Matrimónio, e Santa Unção completam os Mistérios centrais da Ortodoxia. Através da imposição de mãos, um bispo transmite Graça Divina á pessoa a ser ordenada, ligando-o – através da contínua corrente da Graça que desceu sobre os Apóstolos no Pentecostes – á ininterrupta sucessão do clero Ortodoxo.
Graça Divina santifica a união de duas pessoas no matrimónio. (Os padres paroquiais Ortodoxos são normalmente casados; os bispos agora vêm da tradição monástica da Igreja.)
O sacramento da Santa Unção é para a cura das doenças do corpo e da alma (ver Tiago 5:14).
SÍMBOLOS DA IGREJA
Praticamente tudo o que se vê numa Igreja Ortodoxa simboliza e chama á atenção algum aspeto do nosso encontro com a Divindade eterna.
As Cúpulas. As cúpulas Russas em pico atraem o nosso anseio e aspiração até Deus e até á vida espiritual. Como os seus antecessores, a redonda cúpula Bizantina, a cúpula Russa celebra em arquitetura o que é atingido no Sacramento Eucarístico – a comunhão entre céu e terra. Uma única cúpula simboliza a Uma Cabeça da Igreja, Jesus Cristo; três cúpulas a Santíssima Trindade, cinco cúpulas apontam para Cristo e os Quatro Evangelistas.
A Cruz Ortodoxa Russa. No topo de cada cúpula, e por toda a igreja, é provável ver-se a característica cruz de três travessas. A travessa de cima é portadora da inscrição “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus,” lembrando-nos que Cristo é o Rei da Glória. O apoio para os pés, que era usado por carrascos Romanos na altura de Cristo, está inclinado para cima do lado direito para o ladrão que se arrependeu, e para baixo do lado esquerdo para o ladrão que reclamou com Cristo.
Uma Igreja Aberta. Não devem haver bancos ou cadeiras numa Igreja Ortodoxa (por vezes bancos são fornecidos na parte traseira ou dos lados para os fracos e idosos). Nós permanecemos de pé durante serviços de adoração como forma de reverência e humildade perante Deus. A ausência de bancos rígidos dá-nos liberdade para nos movimentarmos pela Igreja, pois é a nossa casa. Estamos livres para venerar ícones e acender velas, bem como para nos curvarmos e fazer as prostrações importantes no culto Ortodoxo.
Velas e lamparinas com azeite. Velas ardem diante dos ícones e por todo o templo, significando a luz de verdade dada pelo Senhor, iluminando o mundo com radiação espiritual. Velas também simbolizam o amor ardente da nossa alma para com Deus e a alegria espiritual e triunfo da Igreja. Tal como as velas para uso no culto são idealmente feitas de cera de abelha, o fruto imediato da própria criação de Deus, então é também muito desejável queimar azeite puro nas lamparinas que estão penduradas diante dos ícones no templo.
O Santuário. Levantado acima da nave (corpo da Igreja), só entra no santuário clero consagrado (e outros com uma bênção especial para o fazer). O altar no centro do santuário é o conhecido como o Santo Trono, pois o Próprio Senhor Deus está presente nele na forma do Seu Corpo e Sangue. A tela (iconóstase) não está colocada em frente do altar para escondê-lo, mas para enfatizar o mistério interior dos sacramentos.
ÍCONES
Em pequenos armários, na larga iconóstase á frente do santuário, cercando as paredes, e até na cúpula mais alta – imagens santas atraem-te até á vida espiritual da Igreja, como sermões silenciosos sempre sendo pregados. Chamados ícones, a palavra Grega para imagens, os santos retratos de Cristo, dos santos e dos mártires têm um profundo significado na vida Ortodoxa.
Porque o Filho de Deus tomou a carne humana e tornou-se incarnado como o Deus-homem Jesus Cristo, tornou-se possível representar a glória de Deus Incarnado. “Bem-aventurados os olhos que vêm o que vós vedes!” (Lucas 10:23).
Á primeira vista o estilo dos ícones pode parecer austero e estranho, eles não retratam a beleza natural do mundo material, mas a beleza espiritual do Reino Celestial. Ícones são venerados, mas não adorados, por Cristãos Ortodoxos.
Livre da qualidade subjetiva, sentimental, e carnal da arte religiosa Ocidental, o verdadeiro ícone é parte da Sagrada Tradição da Igreja. Um verdadeiro ícone, pintado através do poder do Espírito Santo, está em comunhão com a vida espiritual da Igreja até aos seus primeiros dias.
“Nós não sabíamos se estávamos no céu ou na terra… Nós só sabemos que Deus habita lá entre homens, e o serviço deles supera as cerimónias de outras nações.”
A IGREJA ORTODOXA – O CÉU NA TERRA
Com estas palavras, os emissários enviados pelo Russo Príncipe pagão Vladimir no ano de 987 registraram a sua impressão da impressionante Catedral Ortodoxa de Constantinopla, a Hagia Sophia. Eles haviam sido enviados para procurar pela verdadeira religião. Após o relatório destes, dentro de um ano, o Príncipe Vladimir e o povo Russo foram batizados em Cristo por missionários Ortodoxos.
Hoje, tal como na altura no Príncipe Vladimir, a Igreja Ortodoxa – completamente ciente de que o homem é uma união de corpo e alma – usa toda a beleza da criação para mover as suas crianças fiéis até á oração e adoração: ícones (santas imagens), canto belo, incenso bem cheiroso, e serviços majestosos.
No entanto se a beleza visível da Igreja é deslumbrante, a sua beleza e glória não vistas são ainda mais interessantes, pois a Igreja Ortodoxa é a Noiva de Cristo, e dentro do seu abrigo podemos começar a esforçarmo-nos pela nossa salvação.
Tradução do Inglês em Português: Paulo Ferreira