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Matta el Meskin – Comunhão no Amor

A nossa comunhão é com o Pai
e com o Seu Filho, Jesus Cristo (1 Jo 1,3) 

A relação entre o dom do Pentecostes e a Ascensão de Cristo

Quando eu for, enviar-vos-ei o Consolador (Jo 16,7).

Esta frase do Senhor indica que o envio do Espírito Santo no Pentecostes e a transmissão da unção do Pai, através do amor e da adoção, na comunhão de uma vida eterna com Ele, dependiam do retorno do Filho para junto do Pai. Isso comportava a realização da Sua missão: uma nova humanidade, redimida e tornada perfeita, posta na posição de reconciliação com o Pai através do lugar de honra que Cristo obteve para nós à direita da glória, nos céus.

Tendo assim completado a Sua missão, tendo satisfeito toda a vontade do Pai com relação a nós e tendo removido todo o obstáculo que impedia uma vida sem mancha com o Pai, como consequência, Cristo obteve para nós a promessa do Pai, em virtude de estar sentado à Sua direita, como intercessor em favor da humanidade exilada na terra. Daqui nascem as palavras de Pedro no Pentecostes: “Elevado, portanto, à direita de Deus e depois de ter recebido do Pai o Espírito Santo que Ele tinha prometido, derramou-o, como vós mesmos pudestes ver e ouvir” (At 2,33).

Paulo revela-nos a ligação essencial entre a ascensão de Cristo e o Seu sentar-se à direita do Pai, de um lado e, do outro, a realização de uma humanidade cheia do Espírito Santo para entrar na autêntica comunhão levada à realização por Cristo, no céu: Ele subiu acima de todos os céus, a fim de que pudesse encher todas as coisas (Ef 4,10). As palavras “para que pudesse” demonstram que a ascensão de Cristo constituía o início, a causa principal e eterna para a realização da plenitude da humanidade em comunhão com Deus. É o que se exprime também no versículo: “Jesus entrou como precursor, para nosso proveito” (Hb 6,20).

O ACOLHIMENTO DA PATERNIDADE DE DEUS 

Quando chegou a Sua hora, Cristo percebeu que a humanidade tinha uma necessidade urgente do Espírito da paternidade do Pai, a ponto de não mais poder viver como órfã sem conhecer um pai. Cristo tinha saciado esta necessidade, sendo o Filho descido do céu, do seio do Pai e trazendo em Si a imagem e a compaixão do Pai. Agora que estava a deixar os discípulos, como poderiam estes viver sem o cuidado amoroso da paternidade de Deus? Cristo prometera aos discípulos que, na sua Ascensão, rogaria ao Pai para lhes mandar o Consolador, o Espírito de consolação que vem do Pai, que traria a toda a humanidade o afeto e a compaixão próprias da paternidade, como eterna comunhão de vida com Deus Pai. Esta é a origem das palavras de Jesus aos Seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14,18). O Espírito do Pentecostes é o Espírito da compaixão do Pai que conforta o homem, assegurando-lhe a possibilidade de viver como um filho na casa de Deus, para sempre.

No dia do Pentecostes, o Pai fez-nos entrar numa comunhão com Ele que é – num certo sentido – do mesmo tipo daquela existente entre Ele e o Seu Filho muito amado, a tal ponto que o Espírito Santo chegou a transmitir-nos o diálogo íntimo entre o Pai e o Filho, o diálogo do puro amor divino: “Quando vier o Espírito da verdade, ele conduzir-vos-á à verdade completa, porque não falará de Si, mas dirá tudo aquilo que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas futuras. Tomará do que é Meu e vo-lo anunciará. Tudo aquilo que o Pai possui é Meu” (Jo 16,13-15). Deste modo, o Espírito Santo introduziu-nos nos segredos da comunhão do Pai com o Filho; foi isso que Paulo também conseguiu entender e explicar: “O Espírito penetra todas as coisas, também as profundidades de Deus”.

Aquilo que algum olho jamais viu,
algum ouvido jamais escutou,
nem jamais penetrou o coração do homem,
isso Deus preparou para aqueles que o amam.
A nós, Deus o revelou por meio do Espírito”.
“Ora, nós não recebemos o espírito do mundo,
mas o Espírito de Deus,
para conhecer tudo aquilo que Deus nos deu. 
(cf. 1Cor 2,9-12)

Esse é o Espírito Santo que o Pai derramou no Pentecostes segundo a Sua santa promessa, para nos fazer conhecer aquilo que nenhuma mente pode conceber, para nos iniciar no mistério da relação entre o Pai e o Filho, para nos conferir o amor paterno como recompensa pela obediência que lhe demonstrou o Filho na cruz e nos sofrimentos suportados até a morte; enfim, para nos doar todas as bênçãos contidas no mistério da comunhão entre o Pai e o Filho.

Tradutor: Pe. José Artulino Besen.
A segunda redacção: Gabriela Mota
Fonte: https://www.ecclesia.org.br

Publicado emTeologia Ortodoxa

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